A medida tem boas intenções, mas ao mesmo tempo com uma certa perversidade.
Deixo algumas reflexões sobre este "benefício"...
1. Os medicamentos genéricos que continuarem a ser vendidos após a redução de preço, indicam que os correspondentes de marca poderão estar a dar um retorno de pelo menos 50% de lucro. Só isto dá alguma ideia sobre os lucros milionários das farmacêuticas, e o argumento de que estão a pagar R&D e o custo da entrada no mercado é treta.
2. As produtoras de genéricos nacionais vão deixar de produzir os medicamentos que simplesmente deixam de ser rentáveis. Isto vai levar a roturas e até mesmo ao desaparecimento de alguns medicamentos.
3. As distribuidoras de medicamentos vão passar a comprar onde é mais barato, ie, India e China. As normas de qualidade nesta origens não propriamente as mesmas em Portugal ou na Europa. Quem vai sofrer com a baixa de qualidade dos medicamentos? Eu não arrisco num medicamento proveniente destas origens.
4. Os preços de venda ao público deviam ser adoptados imediatamente. Quanto o preço sobe a alteração é imediata e curiosamente nunca há stock para esgotar.
Certo que as farmacêuticas apresentam resultados muito interessantes, mas é um negócio que segue as mesmas regras que todos os outros negócios, o que quer dizer que se irão centrar em "produtos" mais rentáveis e quando não é possível reduzir ainda mais os preços, os medicamentos deixarão de existir.
Em resumo, o negócio da saúde é um negócio como outro qualquer e quem tiver uma ideia romântica de que os intervenientes estão 100% preocupados com os doentes, vão ter uma desilusão muito grande...
Como eu tive.
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