António Variações é um dos ícones maiores da música Pop portuguesa, marcou e continua a marcar diversas gerações de artistas portugueses, pela genuinidade e emoção que emprestava às suas criações.
Nascido António Joaquim Rodrigues Ribeiro, em 3 de Dezembro de 1944, no Lugar de Pilar, freguesia de Fiscal, em Amares perto de Braga.
Filho de camponeses minhotos, desde muito cedo revelou propensão para a música. Em 1957, com 12 anos apenas, abandonou a sua aldeia natal e foi para Lisboa, onde se dedicou a várias actividades profissionais desde empregado de escritório a barbeiro, até ir para Angola, em 1965 para cumprir o serviço militar.
Em 1970, parte para Londres e conforme afirma mais tarde, não retira ainda deste contacto com outro país, o pleno proveito, ao contrário do que sucede em seguida, quando viaja, primeiro para Itália, em 1973 e depois, em 1974, para a Holanda.
Em 1975 viaja até Londres, onde fica durante um ano e parte, depois para Amsterdão onde aprende a profissão de cabeleireiro. Esta aprendizagem servir-lhe-á para se instalar novamente na capital Portuguesa.
Com a ajuda do amigo e colega Fernando Ataíde, Variações foi admitido no Ayer, o primeiro cabeleireiro unissexo a funcionar em Portugal. Ataíde era igualmente seu amante e Variações assumiu dessa forma a sua orientação sexual. Depois do Ayer, passou ainda por um salão no Centro Comercial Alvalade.
António fazia questão de sublinhar que o que lhe interessava mais era o corte e não o penteado. E é também o corte que marca a sua personalidade, o corte com os preconceitos, com o que é comum e consensual.
Abre a Barbearia É pró Menino e prá Menina na Baixa Lisboeta, onde o seu visual excêntrico é notado pelas roupas invulgares, associadas à aparente serenidade do barbeiro.
Entretanto, deu igualmente início aos espectáculos com o grupo Variações, atraindo rapidamente as atenções. O seu estilo musical combinava vários géneros, como o rock, o pop, os blues ou o fado. Em 1978, apresentou-se à editora Valentim de Carvalho e assinou contrato, mas passam 4 anos, algumas viagens mais, vários concertos e apresentações, até gravar o primeiro disco.
É em 1981 no programa O Passeio dos Alegres de Júlio Isidro que António se apresenta ao grande público, sem ter até aí editado qualquer música. Os temas que cantou nessa emissão chamavam-se Toma O Comprimido e Não Me Consumas e ainda permanecem inéditos, uma vez que nunca foram registados em disco.
A sua música e o seu estilo inconfundível fizeram com que depressa alcançasse uma fama razoável.
Em 1982 gravou o primeiro trabalho, o single Povo Que Lavas No Rio, imortalizado por Amália Rodrigues e Estou Além. Amália era, aliás, uma das suas referências, que teve direito a uma canção de Variações (Voz Amália de Nós).
O seu primeiro longa duração Anjo da Guarda, é também dedicado à popular fadista. Com dez faixas, todas de sua autoria, onde se destacaram os êxitos É p´ra Amanhã e O Corpo É que Paga. Neste disco participam Vítor Rua (com o pseudónimo Vick Vaporub) e Tóli César Machado, músicos dos GNR.
Durante o Verão de 1983 Variações é muito solicitado para espectáculos ao vivo, sobretudo em aldeias por este país fora.
Em Fevereiro de 1984, António Variações entra em estúdio com os músicos dos Heróis do Mar para gravar o seu segundo longa duração que se intitulará Dar e Receber. O tema mais conhecido deste disco é, sem sombra de dúvidas, Canção De Engate que, posteriormente, se tornará um imenso sucesso numa versão dos Delfins.
Dois meses depois, a 22 de Abril, Variações daria um concerto, na aldeia de Viatodos, concelho de Barcelos, durante as festas da Isabelinha. Depois disso, aparece pela última vez em público no programa televisivo A Festa Continua de Júlio Isidro. Será a única interpretação no pequeno ecrã das faixas do novo disco, usando o mesmo pijama com ursinhos e coelhinhos que usou na sua primeira aparição televisiva.
Variações cantou na Queima das Fitas de Coimbra de 1984, no dia 17 de Maio, na Noite da Psicologia, já gravemente doente, sendo que os seus amigos e familiares deixaram de receber notícias do cantor, que ficou hospedado por alguns dias em casa de um amigo até ter sido levado para o Hospital Pulido Valente no dia 18 de Maio devido a um problema brônquico-asmático.
Quando Canção de Engate invadiu as rádios, já António Variações se encontrava internado no hospital. Transferido para a Clínica da Cruz Vermelha, morreu a 13 de Junho, dia de Santo António, vítima de uma broncopneumonia bilateral grave, provavelmente causada pela SIDA. O actor holandês Jelle Balder, com quem também manteve um relacionamento amoroso, foi o seu companheiro até à morte.
Será sepultado, dois dias depois, no cemitério de Amares (Braga), perto da sua aldeia natal, com a presença de poucos músicos acompanhando o funeral.
Com a sua morte desaparece um dos maiores renovadores da canção portuguesa das últimas décadas.
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